Menu
Análise

Como o racha dos Lacerdas em Conceição beneficia antiga oposição do município

O rompimento entre o prefeito Samuel e o deputado estadual Nilson Lacerda foi bem visto pelos adversários de ambos.

Por Tadeu Gomes

16/08/2024 às 18:21 | Atualizado em 16/08/2024 às 22:01

O termo “dividir para conquistar” é um clássico nas estratégias de guerra para enfraquecer e subjugar os povos. Júlio César, em seu livro "De Bello Gallico” (Guerra das Gálias), explicou como a vitória romana na guerra gaulesa era essencialmente uma forma de “dividir” seus inimigos.

Na politica, essa estratégia consiste em ganhar o controle de um lugar por meio da fragmentação da concentração de poder. Dessa forma, é mais fácil o adversário conquistar espaço em meio à separação das forças.

Trazendo essa teoria especificamente para a cidade de Conceição, no Sertão da Paraiba, pode-se fazer uma análise do cenário político atual.

O racha histórico protagonizado pelo prefeito Samuel Lacerda (Solidariedade) e pelo seu tio, o deputado estadual Nilson Lacerda, que resolveu apoiar a candidatura do irmão Marcílio Lacerda (Republicanos), foi um prato cheio para a antiga oposição do município, liderada pelo ex-prefeito Alexandre Braga. A divisão entre os parentes acabou por fragmentar os eleitores tradicionais da família Lacerda e, consequentemente, beneficiar o grupo de Alexandre.

Leia: Prefeito de Conceição anuncia racha com tios Marcílio e Nilson Lacerda

No caso, essa cisão não foi advinda de uma estratégia criada pela oposição, porém, o grupo opositor se beneficiará da mesma forma. 

Em Conceição, a família Braga tem uma base sólida de eleitores. Isso foi demonstrado nas últimas eleições em que um membro disputou ou apoiou alguém. Em 2016, por exemplo, Alexandre concorreu e obteve 5.111 votos, contra 6.352 de Nilson, que venceu. Em 2020, a candidata Jordanna Diniz, apoiada pelos Bragas, conseguiu ficar com 5.310 votos, contra 6.171 de Samuel.

Vale ressaltar que em ambos os pleitos, os postulantes dos Braga eram de oposição e não tinham a máquina da Prefeitura.

Supondo que se divisíssimos os votos das duas referidas eleições em duas fatias, ambas representando cada um dos Lacerda, haveria vitória dos Bragas. Em 2016, Nilson ficaria com 3.176 votos, e em 2020, Samuel, 3.085. Isso levando em consideração os votos certos de Alexandre e os independentes.

Nos últimos pleitos Nilson era o grande líder do grupo governista. Samuel, inclusive, só conseguiu vitória graças ao apoio dele. Neste ano, entretanto, a diferença está no fato de que o ex-gestor não tem mais a Prefeitura. Ele tentará emplacar o irmão com base em sua influência política e sua história no município.

Nilson, à esquerda da tela, ao lado do deputado federal Hugo Motta, de Marcílio e do candidato a vice na chapa, Raimundo Araújo (Foto: Reprodução/redes sociais)

Muitos de seus eleitores que eram fiéis já pularam para o lado de Samuel. Outros permaneceram firmes com ele.

Resta saber como se comportará o eleitorado Braga. Nesta disputa, Alexandre decidiu apoiar a candidatura de Luan Ferreira (PSB). Se houver manutenção do voto dos eleitores devotos ‘braguistas’, o pleito pode se consagrar como um dos mais concorridos no município.

Samuel Lacerda em convenção com a vice Nena Diniz (Foto: Reprodução/redes sociais)

Alexandre Braga em convenção à direita de Luan, do deputado estadual Júnior Araújo e do candidato a vice Landinho (Foto: Reprodução/redes sociais) 

Anúncio full