Papa Francisco sofre queda em residência no Vaticano e tem braço imobilizado

O Papa Francisco caiu nesta quinta-feira e machucou o antebraço direito, informou o Vaticano, apenas semanas após outra aparente queda ter resultado um hematoma grave no queixo do Pontífice. Em comunicado, o porta-voz do Vaticano anunciou que Francisco não quebrou o braço, mas que usará uma tipóia como precaução. O incidente ocorreu no mesmo dia em que o Papa recebeu uma delegação de líderes religiosos albaneses e argentinos.

“Esta manhã, devido a uma queda na residência Santa Marta, [onde reside], o Papa Francisco sofreu um hematoma no antebraço direito, sem fratura”, diz a nota.

O Papa, que completou 88 anos em meados de dezembro, tem demonstrado saúde debilitada nos últimos anos — com casos de problemas no quadril, dores no joelho, operações e infecções respiratórias —, mas isso não o impediu de manter uma agenda lotada. O líder da Igreja Católica usa uma cadeira de rodas desde 2022 devido a dores persistentes no joelho. Nos raros momentos em que fica de pé, precisa usar uma bengala.

Especulações sobre a saúde de Francisco são constantes nos círculos do Vaticano, publicou a Associated Press, especialmente depois que o Papa Bento XVI quebrou 600 anos de tradição e renunciou ao papado em 2013. Na época, os assessores de Bento atribuíram a decisão a uma queda noturna que ele sofreu durante uma viagem ao México em 2012, após a qual ele determinou que não conseguiria acompanhar as exigências globais do papado.

Francisco, no entanto, disse que não tem planos de renunciar tão cedo, mesmo que Bento tenha “aberto a porta” para essa possibilidade. Em sua autobiografia “Esperança”, lançada nesta semana, Francisco disse que não tem “motivos sérios” para renunciar, e que a decisão é uma “hipótese distante”, justificada somente em caso de um “grave impedimento físico”. Ele disse não ter considerado a opção mesmo após passar por uma cirurgia intestinal.

Histórico de saúde delicado

Nos últimos meses, porém, o Papa foi forçado em várias ocasiões a delegar a leitura de seus discursos, ou até mesmo cancelar sua participação em eventos por motivos de saúde. Em dezembro de 2023, Francisco, que sofreu a remoção parcial de um pulmão em sua juventude, cancelou uma visita a Dubai para participar das negociações climáticas da COP28 das Nações Unidas devido a um caso de bronquite.

Antes disso, em junho de 2023, o Papa foi internado por 10 dias no hospital Gemelli, em Roma, após uma operação de hérnia abdominal sob anestesia geral. Ele também foi hospitalizado em março de 2023 por três dias devido a uma bronquite, e por dez dias em julho de 2021 após uma operação no cólon. No ano passado, o jesuíta argentino cancelou sua participação na Via Sacra no Coliseu de Roma no último minuto.

Ao exibir os problemas de saúde, Francisco vai na contramão da história do Vaticano, que tradicionalmente escondeu a fragilidade dos chefes da Igreja. Apesar desses repetidos alertas médicos, o Pontífice mantém uma agenda lotada, em algumas ocasiões com mais de dez compromissos na mesma manhã. Ele também continua a viajar e, em setembro, fez a viagem mais longa de seu pontificado, um tour de 12 dias pelo Sudeste Asiático e Oceania. (Com AFP)