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Policial

Funcionárias usam reconhecimento facial de patrão para desviar quase R$ 1 milhão de empresa

De acordo com a investigação, as suspeitas se aproveitavam do miopia do proprietário para abrir contas em bancos.

Por Redação

06/09/2024 às 07:38 | Atualizado em 06/09/2024 às 07:43

Prints mostram conversa entre suspeitas de desviar verba de empresa, em Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

As funcionárias de uma transportadora de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, que foram indiciadas por desviar aproximadamente R$ 1 milhão da empresa, usavam o reconhecimento facial do patrão para cometer os desvios, segundo a Polícia Civil. A investigação aponta que as mulheres se aproveitavam do fato da vítima ser míope e não utilizar os óculos no momento do cadastramento da facial para abrir contas em bancos. Entenda como o crime era cometido:

Ainda segundo a Polícia Civil, as investigadas diziam para a vítima que o rosto dela seria usado para atualizar aplicativos que a empresa utilizava para o frete de mercadorias. Como não tinham acesso aos dados financeiros da empresa, as mulheres não podiam fazer transações bancárias e, como forma de burlar essa regra, usavam as contas abertas com a facial e CPF do patrão para receber os valores de contratos dos clientes da transportadora.

De acordo com Adriano Jaime, delegado responsável pelo caso, os clientes não suspeitavam que estavam transferindo os valores para contas de terceiros, já que estavam registradas no CNPJ da empresa ou do proprietário.

"O cliente pagava, pois a conta estava sim no nome da empresa ou no nome do proprietário. Elas com acesso a essas contas, transferiam o dinheiro para elas", disse o delegado.
A defesa de uma das investigadas informou em nota que as provas demonstrarão a verdade dos fatos no decorrer do processo e que demonstrará a inocência da mesma. O g1 não conseguiu localizar a defesa da outra suspeita até a última atualização desta reportagem.

Após serem intimadas pela polícia, as investigadas confessaram os desvios em cartas anexadas ao inquérito policial, assumindo as devidas participações de cada uma no crime, segundo a Polícia Civil.

Descoberta do crime

Itens comprados com dinheiro desviado de empresa em Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A denúncia foi obtida com exclusividade pela TV Anhanguera. Os crimes foram cometidos e descobertos pela proprietária da empresa, esposa do homem que teve a facial usada pelas mulheres, em dezembro de 2023, porém, apenas em agosto de 2024 a polícia teve autorização para a quebra de sigilo telefônico e bancário das investigadas.

Após a quebra dos sigilos, a polícia encontrou conversas no WhatsApp das suspeitas que confirmavam a autoria do crime (veja no início do texto). A empresária, que preferiu não ser identificada, informou à TV Anhanguera que a suspeita dos desvios começou após o marido receber uma ligação de uma loja de eletrodomésticos, pedindo confirmação de endereço e informando que havia a compra de uma geladeira de R$ 7 mil no nome dele.

"Depois de constantes ligações do ano passado referente ao banco, mais essa questão da loja, eu pensei 'tem alguma coisa errada' ", disse a empresária.
De acordo com a investigação, a dupla usou a verba desviada para comprar aparelhos de TV, computadores e até um caminhão. Segundo a proprietária, o faturamento da empresa caiu pela metade após os desvios, assim como o quadro de funcionários.

"Eu passei pelo inferno. Eu tinha 12 funcionários. Até março desse ano, tive que cair para três funcionários e hoje eu estou com cinco funcionários novamente. Eu estou pedalando. Meu faturamento caiu pela metade", disse.

Em uma das contas abertas, uma das suspeitas colocou o próprio endereço residencial para receber o cartão do banco, o que facilitou a descoberta do crime. As investigadas foram indiciadas pelos crimes de furto qualificado e abuso de confiança. A Justiça negou o pedido de prisão.

De acordo com o advogado da empresa, Ricardo Souza, a empresa solicita a devolução cível de todos os valores desviados e uma indenização por danos morais. "Queremos também uma indenização de dano moral por todo o abalo que a empresa sofreu", disse.

G1

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